Não eram bem homens, não tinham mais de dezoito. E preferência sexual não conta. Mas é verdade que haviam muito mais meninas que meninos, elas também estavam de preto. E quando não era preto, era roxo ou vinho. Nada de cores abertas, nada de muitas cores. O que tinham de pálidos tinham de estéricos, alguns sentados numa fila imensa frente ao Multiplex Recife. Eram muitos, mas todos ja se conheciam e se comprimentavam como amigos de loga data. Percebi tudo isso muito rápido e entendi mais rápido ainda: Eu fui ao cinema na noite de estréia do filme Eclipse. Me deu uma crise de riso logo que percebi que eu também estava de roxo. E enquanto meu irmão comprava os ingressos para o filme "I love you Phillipe Morris", um dos poucos filmes legais com Jim Carrey, meus olhos penetravam num olhar vermelho de uma fã em seu cosplay. Sim ela estava de lentes vermelhas! Além de um sobretudo preto e botas pretas. Tenho quase certeza de que era ela a moça que comandava a seção de fotos dentro da sala 8 da qual falou Schneider Carpeggiani em reportagem para o JC. Além dos olhos vermelhos havia algumas meninas com uma coroa na cabeça, era de papelão e fiquei querendo saber se ainda era cosplay ou seria alguma promoção do próprio Multiplex. Tive vontade de perguntar mas pensei no fora que levaria, do tipo: "Minha filha você não sabe que Edward é um principe e eu sou a princesa?!" Então fiquei quieta observando aquelas franjas negras sobre peles brancas (as que não eram tão brancas ficaram, a base de muito pó), fiquei incrível com aquele carnaval das catatumbas. Adolescente no ano 2010 sofre! Na minha época nem Tom Cruise e Brad Pitt me fizeram pagar esse mico.
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