quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Engolindo Sapos - 5ª Edição


A produtora Nós Pós e o Espaço Pasárgada convidam para a 5ª edição do projeto Engolindo Sapos, que tem o objetivo de criar um elo de contato entre artistas, pensadores, críticos, autores, educadores, promotores da cultura, jornalistas, editores etc. e o público através de um cronograma mensal de dinâmicas e descontraídas palestras no Espaço Pasárgada. O próximo evento acontecerá no dia 1º de dezembro (quarta-feira), a partir das 18h e é aberto ao público.

Após três edições apresentando ao público a oportunidade de entrar em contato mais próximo com o universo criativo e as experiências artísticas e profissionais de nove representantes nas áreas de literatura, artes cênicas, cinema, artes visuais e artes plásticas, a produtora Nós Pós focou a 4ª edição do Projeto Engolindo Sapos numa questão de fundamental importância para o desenvolvimento social e cultural do estado convidando representantes pró-ativos das três esferas governamentais (MinC, FUNDARPE e FCCR/GOLE) para debater o tema Sobre Livros e Leitura: Políticas Públicas, altamente pertinente dentro do cenário cultural do estado.

Na sua 5ª edição o projeto apresenta o tema Corpo, Cinema e Educação: O Papel Transformador, visando explanar as possibilidades de contribuição dessas formas artísticas para a educação. Os convidados são Conrado Falbo (Mestre e Doutorando em Teoria da Literatura, formação artística em dança contemporânea e atuação na área de ensino e criação que inclui performance, corpo e voz e intersemiose), Amanda Ramos (Coordenadora Cineclube AZouganda - Nazaré da Mata e Cineclube Curta Doze e Meia - Recife) e Selma Coelho (educadora, fotógrafa, especialista em História das Artes e das Religiões e gestora do Espaço Pasárgada). A mediação fica por conta de Johnny Martins (doutorando em Literatura e Cultura pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba - UFPB). 

Traga seus questionamentos, posições, perguntas. Contribua com este descontraído bate papo. A participação do público é fundamental para o enriquecimento do diálogo. 

O papel do cinema, do corpo e suas possibilidades pedagógicas como transformadores da sociedade são a pauta do diálogo coletivo da próxima edição do projeto Engolindo sapos, que acontecerá no dia 1º de dezembro, a partir das 18h no Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista). O evento é aberto ao público.


SERVIÇO
Projeto Engolindo Sapos – 5ª edição
Tema: Corpo, Cinema e Educação: O Papel Transformador
Dia 01/12/2010 – 18h
Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista).
Aberto ao público 

What's happening in uor brains e o que sentem nossos corações, Escritores?


“I have a dream”¹ disse Martin Luther king. E o poeta Valmir Jordão foi para São Paulo, mas antes também ecoou seu discurso “boêmio” aos nossos ouvidos: “Por que apenas nós, poetas, escritores pernambucanos, não somos organizados? Músico aqui tem sindicato porra! E nós?” É Valmir, pergunta difícil! Creio que a respostas pode estar desde a forma como praticamos nosso trabalho, somos sós, o escritor, ele mesmo e mais ninguém, os egos inflados pela ignorância completa do outro, a falta de referência do outro, sabemos apenas sobre nossa própria dedicação. Porque não se escreve um livro em conjunto, porque em conjunto no máximo roteiro de filme ou novela de TV. Por que não se escreve um livro em conjunto? Fazer parcerias na produção de uma obra deve ser fantástico, entrar no mesmo ritmo, completar o outro, também nisso tenho inveja dos músicos. É uma afinidade a qual não nos permitimos natural e historicamente. E se pudéssemos mudar nossa natureza solitária e nossa história de desunião, faríamos coisas lindas.  Inclusive nos organizarmos como segmento artístico, profissionalizarmos nosso ofício e talvez evitarmos migrações como a de Valmir. O cérebro é razão, mas o coração é Recife. Mesmo que falemos mal, não queremos ir. Apesar de que, com “sorte”, transforma-se a saudade num “Angu de Sangue” tal qual o escritor Marcelino Freire, nas “Memórias da Cana” tal qual o diretor de teatro e escritor Newton Moreno ou mesmo o Cordel do Fogo Encantado, com uma “Transfiguração” que não resistiu ao frio exterior, ou transforma-se em mais solidão ou é apenas saudade.  What's happening in uor brains? Certa dose de sabedoria instintiva ainda nos falta. Precisamos de mais algumas encarnações para evoluir de Coletivo Literário a Parceiros Literários e assim estarmos mesmo em plural. Eu tenho um sonho. Procuro desafiar estas leis, procuro desafiar o escritor recifense, pernambucano, brasileiro, companheiro de verbo, irmão, igual: Vamos ser parceiros, vamos ser plural? Alguém quer escrever um livro comigo? E seremos livres! “That Liberty Ring”².
Ana Maria Pereira
Escritora e Produtora Nós Pós
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¹. “Eu tenho um sonho” Frase inicial do discurso de Martin Luther King, pronunciado na escadaria do Monumento a Lincoln, em Washington, e ouvido por mais de 250.000 pessoas de todas as etnias, reunidas na capital dos Estados Unidos da América, após a Marcha para Washington por Emprego e Liberdade.
². “Que a liberdade ressoe”. Frase final do mesmo discurso.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Fenômeno


Os olhos de Mauriceia determinavam a luz do dia
e tudo que é essencial
água doce, vento, respiração
abraço de mãe, mulher.
Disparavam peças do mundo
e este, fazia encaixes
determinado a cumprir ordem
como um quebra-cabeças programado.
Coordenava movimentos baixos
Meus passos largos
Sabia seu próprio significado e o poder oculto nele.
sabia o grau de controle e me tirou tudo
tirou os olhos de mim e agora eu,
 invisível.

sábado, 23 de outubro de 2010

Quem dera ser um peixe

Estamos em toque de recolher, guerra quente. Estado de Sito de lavouras arcaicas afirmando-se super modernas, super corretas, super bacanas. E parece que não sentimos as facadas. Estamos em transe, ainda. E parece que hoje é melhor que ontem, e não é? Sim, o agora das TVs de plasma e celular com câmera. A internet ilimitada limitou qualquer interrogação fora do Google. O oráculo da humanidade é o Google, pergunte ao Google, ok?!  E se ainda tiveres dúvida, te conformes. Não podemos saber tudo ou enlouqueceremos.  No filme de Hitchcock, o homem que sabia demais não morreu, mas foi perseguido. Na vida real, temo mesmo a esquizofrenia.  Quero a ignorância de um peixe, esquecer, esquecer, e continuar procurando Nemo como se nada tivesse acontecido. Então, cansarei e cairei no sono dos justos, sem essa frescura de insônia, crise de consciência ou problemas morais.  A moral é palavra sumida, de conceito frágil e mal entendido. Poderia também fazer uma endoscopia toda semana e me dopar com consentimento médico. Poderia viver de tarjas pretas, entrar numa e ainda cobrir a nudez do meu cérebro aos olhos curiosos do mundo. Poderia naufragar numa ilha deserta e fingir que estou só. Sendo um peixe dopado não lembraria dos satélites do Google Earth, mas com certeza teria acessado o Google Maps para chegar lá. A ilha seria aquela do DiCaprio, com a plantação imensa de maconha. Mas diz o Google que aquilo tudo foi destruído pelo tsunami. Seja qual for, preciso achar um jeito e dar um lost na minha cabeça.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

(In) Vertebra

Uma Naja não deslizaria tanto
nem apertaria minha carne com força de dez cordas
nem molharia entre meus seios com o suor do seus
se arrastando entre rochas e fendas, não me provocaria.

Uma Naja sibilaria a calda pregando envenenar
Soltando odores que eu não reconheceria
Por não ser da espécie
Por não conhecer peçonhas do tipo.

Uma Naja não estaria à solta
nem levaria pedaço sem me levar à morte
nem trocaria a pele pela minha
se arriscando cada vez que pulo alto.

Uma Naja não assustaria tanto.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Do livro "Faro" ( em produção)


Ele/ Ela


“Gloria Deus, nosso Pai!” Fim do culto.
É quando junta gente pra pedir conselho ao Pastor. Ele sabe falar, faz o gosto do rebanho. Fala manso, toca no ombro da gente, alisa a própria cabeça, levanta as calças. Tem certo pigarro de homem sério, recebe respeito por isso. Sempre solta frase feita quando os últimos estão à porta, um bordão: “Vão em paz pelo caminho de Deus.”, diz com fervor. “Amém!”, ele mesmo responde.
Recolhe a “palavra”, os dízimos, o paletó. Depois de afrouxar a garganta suada, recolhe a gravata e leva tudo à salinha ao lado. Televisão tela plana, DVD, geladeira Cônsul, um fogão de forno ainda quente - do qual Ele sempre espera um bolo - um discreto sofá-cama e nele, a Mocinha que limpa a igreja. Quando percebe que o culto está no fim, a Mocinha espera pelo Pastor, espera pelo momento mais pesado da faxina, pela parte gordurosa, a parte que por força finge que gosta.
O Pastor reclinado no sofá, espaçoso, abre as calças, espera que a mocinha puxe o resto. Ela é rápida, Ele pede calma. Alisa entre as pernas dela, sempre secas. Ele a lambe, ela chora.
A Mocinha veio nova, quinze anos, de Catende quando a usina fechou. Com morte de pai e mãe, não fala muito. Pensa sempre no Apocalipse, de como morrerão todos na fogueira de Deus. De como ele será o primeiro. Pensa sempre no que ouve encostada à parede, no que gritam os fiéis sobre o “Deus do Impossível”. Pensava no que falam sobre “destruir o inimigo”, sobre “as mil faces do Diabo”, o diabo era ele. E mistura tudo; a glória, o trono sagrado, as trombetas. Todo sonho é ruim.
- chorando por quê? Já disse que me dá agonia quando você começa a chorar. Já disse também, que quando você ajuda o Pastor relaxar ajuda a Deus.
Ele nos olhos dela, ela de olhos fixos no nada, não havia expressão nem no choro. Lágrima corre, piga nas calças dele. Ele acha que urinou. Levanta-se envergonhado, tem problemas com isso - urinou até a adolescência, na cama onde dormia com dois irmãos mais velhos. Apanhava toda manhã – ele vai ao banheiro, ela enxuga o rosto. Ao som da descarga acende o fósforo, abre o forno, liga o gás e tão rápido quanto a luz, o Apocalipse chegou e o bolo virou farinha.

Do livro "Faro" ( em produção)

Pimenta

Nina a baliza, vermelha e ardida,
saltitava pipoca todo Sete de Setembro
quando deveria marchar junto a Banda de Fanfarra.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Engolindo Sapos - 2ª Edição

Press release
O projeto Engolindo Sapos, que tem o objetivo de criar um elo de contato entre artistas, pensadores, críticos, autores, promotores da cultura contemporânea, jornalistas, editores etc. e o público através de um cronograma mensal de dinâmicas e descontraídas palestras no Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista), abre a segunda roda de diálogos com o tema "Os contemporâneos e suas misturas - experiências e experimentos" nesta quinta-feira (05/08/2010) às 19h30. Dessa vez o bate papo é sobre artes visuais, artes cênicas e cinema. A entrada é franca.


Os convidados são o premiado cineasta Léo Falcão (venceu com Lugar Comum o prêmio de melhor curta do 6º Festival de Cinema do Recife (2002) e dois anos depois repetiu a dose com Lastnote.com), que também participou do CINE PE, Festival Internacional do Rio, Festival Internacional de Curtas de São Paulo, Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte, entre outros. No exterior, seus filmes foram exibidos em Biarritz (França), Chicago (EUA), Toronto (Canadá), Mar del Plata (Argentina) e Guadalajara (México). Outro convidado é o artista visual João Lin, que atua na produção de quadrinhos, cartum, ilustração, videoarte etc. sendo premiado em diversos eventos e festivais como Festival de Vídeo de PE, Encuentro Internacional de Historietas de La Paz (2008), FIG e Spa das artes (2008), Festival Internacional de Artes Digitales de La Paz (2009). Pra completar, teremos Fred Nascimento, diretor e músico do Totem, grupo de caráter experimental e investigativo, ritualístico e antropofágico, que trabalha com sistemas abertos de co-criação teatral/plástica/sonora performática, criando trabalhos híbridos que mesclam diversas linguagens artísticas sob a perspectiva performática. Em 2010 o Grupo Totem completa 22 anos, e nesse período montou dezenas de espetáculos e performances e participou de circuitos artísticos nacionais e internacionais de diversas áreas de atuação, como II Seminário Internacional de Etnocenologia, I Encontro Nacional de Performance e Performáticos, Congresso Nacional da Federação de Arte/Educadores do Brasil, Festival Nacional de Performance, Festival Recife de Teatro Nacional e SPA- Semana de Artes Visuais do Recife, realizando espetáculos, performances, intervenções, instalações, exposições, palestras, oficinas, cursos e encontros com profissionais da área.


Pra fechar o evento o Grupo Totem preparou uma simbiose dos espetáculos Sob um Céu de Concreto (baseado na obra de Charles Bukowski, onde os poemas são ponto de partida para a criação de partituras corporais, visuais e sonoras, sem desdobramento de enredo, no qual o grupo procura a criação de estados e composições cênicas) e O Incêndio do Sonho (leitura pós-dramática baseada livremente na obra de Charles Bukowski).

O projeto Engolindo Sapos é uma iniciativa da produtora Nós Pós em parceria com o Espaço Pasárgada e conta com o apoio da Fundarpe, UBE-PE, e colaboração do site Vetor Cultural e do fotógrafo Daniel Feijó.



SERVIÇO
ONDE? Espaço Pasárgada (Rua da União, 263 – Boa Vista)
QUANDO? Dia 05/08/10 - 19h30
COM QUEM? Léo Falcão , João Lin e Fred Nascimento. Perforamance do Grupo TOTEM
DE GRAÇA? É

sábado, 17 de julho de 2010

Cinema, vampiros e homens de preto

Não eram bem homens, não tinham mais de dezoito. E preferência sexual não conta. Mas é verdade que haviam muito mais meninas que meninos, elas também estavam de preto. E quando não era preto, era roxo ou vinho. Nada de cores abertas, nada de muitas cores. O que tinham de pálidos tinham de estéricos, alguns sentados numa fila imensa frente ao Multiplex Recife. Eram muitos, mas todos ja se conheciam e se comprimentavam como amigos de loga data. Percebi tudo isso muito rápido e entendi mais rápido ainda: Eu fui ao cinema na noite de estréia do filme  Eclipse. Me deu uma crise de riso logo que percebi que eu também estava de roxo. E enquanto meu irmão comprava os ingressos para o filme "I love you Phillipe Morris", um dos poucos filmes legais com Jim Carrey, meus olhos  penetravam num olhar vermelho de uma fã em seu cosplay. Sim ela estava de lentes vermelhas! Além de um sobretudo preto e botas pretas. Tenho quase  certeza de que era ela a moça que comandava a seção de fotos dentro da sala 8 da qual  falou Schneider Carpeggiani em reportagem para o JC. Além dos olhos vermelhos havia algumas meninas com uma coroa na cabeça, era de papelão e fiquei querendo saber se ainda era cosplay ou seria alguma promoção do próprio Multiplex. Tive vontade de perguntar mas pensei no fora que levaria, do tipo: "Minha filha você não sabe que Edward é um principe e eu sou a princesa?!" Então fiquei quieta observando aquelas franjas negras sobre peles brancas (as que não eram tão brancas ficaram, a base de muito pó), fiquei incrível com aquele carnaval das catatumbas. Adolescente no ano 2010 sofre! Na minha época nem Tom Cruise e Brad Pitt me fizeram pagar esse mico.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A telefonista de um hotel em Manhattan atende chamada do quarto 656 e ouve gritos de socorro

Após um breve silêncio pergunta:

- Anything else?

Deus ajuda

Saiu mais cedo,
encontrou o amor.

SANGUE

Sobre a pele : suor e uma navalha que pinga frio: pingos gosto de ferro

segunda-feira, 12 de abril de 2010

porque há dias não escrevo

das resposta que posso dar
sobre este triste momento
das travas que podem haver para letra não sair
não arrisco
pesso colo

Melão Mamão

(Do livro em produção)


Beira da ponte, palafita, madeira quebrada, cheiro de merda entra pelo nariz. Na terceira quase-casa à esquerda, em toda noite de lama, jorra leite dos peitos de Jussara. Foi à noite, mês passado no surto de dengue hemorrágica: foi-se filho, ficou leite nos peitos de Jussara.
Fila se forma desde a beira do rio até a porta da mãe de leite dos meninos fome. Uma fila de choro mestiço: desconsolo e fé. Menino entra Jussara segura nos braços, menino suga leite do peito ferido com gosto de melão ou mamão. Doce como tira gosto de fome.
Pontualmente, feito mato que espera chuvas no norte, quando escurece: peito jorra leite Jussara enxuga o bico, dois minutos cada menino. Grudado, menino magro não tem só dois minutos de fome. “Tira o menino!”, grita Jussara. “Ta rasgando” urra. Puxa o menino que num milagre se cala. Careta de quem tomou a dose certa.
E Jussara nem é tão solidaria assim. Nunca havia repartido pão suado, nunca havia tido chance de ser boa. Sentiu-se orgulhosa quando viu noticia no jornal: Seu nome, a foto da fila e a manchete que dizia: DENGUE EMORRÁGICA PROVOCA EMORRAGIA DE LEITE.