Caldo de Cana
Claro que dava um caldo.
Na Zona da Mata, zona é zona, que pode ser no mato ou não. E a mata é de cana, que corta e é cortada. Menino todo vestido de trapo para não ser lapiado pela folha facão.
Claro que dava um caldo.
Zona Norte, Mata Norte, caldo de mulher que deixa ele zonzo. Menino desde cedo entra numa de hormônio, doido para ser macho atrás de qualquer matinho.
Crisostemo Batista, homem de ferro:
- Mãe me chamava de Cristo, dizia que Vó me deu nome complicado.
O galo canta há quinze anos para Cristo ir cortar cana. Perdeu a conta das vezes que quis matá-lo.
Cristo não é santo, disso passa longe. De santo, só o milagre de continuar vivo. Dinheiro curto, contado, dinheiro sujo de cana. Mas é que por Ela, tinha que pagar. Não sabe quanto vai custar, mas puta daquelas não deve ser barato. Puta daquelas deve ser olho arrancado. Lugar desses só deve ter igual no exterior.
- As putas aqui são de qualidade, afirma o gigolô. – e o dinheiro que tu tem, paga?
- Eu quero aquela. – Aponta para Ela.
- Aquela é cara...
Cristo interrompe, tira do bolso a carteira, abre, puxa vinte notas de cinco, fecha, conta as notas. – São vinte notas de cinco. Diz confiante.
- Tenha uma boa noite senhor, quarto nº 05.
Gigolô faz um sinal de canto de olho e Ela sobe a escada, empina tudo que tem, vestida de nada além de um baby doll. Era mesmo boneca e criança. Quatorze, anos de uma vida já mulher. Parece que não faria outra coisa se não fosse puta. Parece que foi feita pra isso. Nascida em bordel, filha da pura sorte.
Claro que dava um caldo, o melhor da vida dele. Por que era menina, porque ia ser dele.
Feliz, boca sente cheiro, sente gosto, melaço da cana, açúcar nas coxas dela, Cristo Rei, Cristo homem, caldo na mão que ele mesmo esfrega no peito como quem canta vitória. Caldo de cana doce de botar inveja. Caldo do sexo e Ele em êxtase, Cristo nas alturas...
Claro que dava um caldo.
Claro que dava um caldo.
Na Zona da Mata, zona é zona, que pode ser no mato ou não. E a mata é de cana, que corta e é cortada. Menino todo vestido de trapo para não ser lapiado pela folha facão.
Claro que dava um caldo.
Zona Norte, Mata Norte, caldo de mulher que deixa ele zonzo. Menino desde cedo entra numa de hormônio, doido para ser macho atrás de qualquer matinho.
Crisostemo Batista, homem de ferro:
- Mãe me chamava de Cristo, dizia que Vó me deu nome complicado.
O galo canta há quinze anos para Cristo ir cortar cana. Perdeu a conta das vezes que quis matá-lo.
Cristo não é santo, disso passa longe. De santo, só o milagre de continuar vivo. Dinheiro curto, contado, dinheiro sujo de cana. Mas é que por Ela, tinha que pagar. Não sabe quanto vai custar, mas puta daquelas não deve ser barato. Puta daquelas deve ser olho arrancado. Lugar desses só deve ter igual no exterior.
- As putas aqui são de qualidade, afirma o gigolô. – e o dinheiro que tu tem, paga?
- Eu quero aquela. – Aponta para Ela.
- Aquela é cara...
Cristo interrompe, tira do bolso a carteira, abre, puxa vinte notas de cinco, fecha, conta as notas. – São vinte notas de cinco. Diz confiante.
- Tenha uma boa noite senhor, quarto nº 05.
Gigolô faz um sinal de canto de olho e Ela sobe a escada, empina tudo que tem, vestida de nada além de um baby doll. Era mesmo boneca e criança. Quatorze, anos de uma vida já mulher. Parece que não faria outra coisa se não fosse puta. Parece que foi feita pra isso. Nascida em bordel, filha da pura sorte.
Claro que dava um caldo, o melhor da vida dele. Por que era menina, porque ia ser dele.
Feliz, boca sente cheiro, sente gosto, melaço da cana, açúcar nas coxas dela, Cristo Rei, Cristo homem, caldo na mão que ele mesmo esfrega no peito como quem canta vitória. Caldo de cana doce de botar inveja. Caldo do sexo e Ele em êxtase, Cristo nas alturas...
Claro que dava um caldo.
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